Saudade & Purpurina – Um tributo a Júlio Vilela acontece no dia 27 de março, às 20h, no Centro Cultural Martim Cererê
Local que abrigou por mais de 15 anos o espetáculo Jú Onze e 24 e que deu o nome de Júlio Vilela a um dos seus teatros, o Centro Cultural Martim Cererê é o palco de Saudade & Purpurina – Um tributo a Júlio Vilela, projeto de Conclusão de Curso de alunos de Produção Cênica do ITEGO em Artes Basileu França. O espetáculo ocorre na terça-feira (27/03), Dia Internacional do Teatro, às 20h.
Júlio Vilela (1961-2006) foi um ator e diretor paulistano que conduziu Jú Onze e 24. O grupo/espetáculo ficou conhecido por se apresentar com cenas e performances de drag queens em diferentes espaços até se firmar no palco da sala Pyguá, do Centro Cultural Martim Cererê (GO). Ali permaneceu por mais de 15 anos (1991-2006) na sala que hoje recebe seu nome como forma de homenagem.
O TCC que se materializa
Um conjunto de quadros antológicos da trajetória de Jú Onze e 24 perfilados para uma homenagem alegre e comovente. Assim, alunos de Produção Cênica revisitam uma história de humor, irreverência e deboche com Saudade & Purpurina – Um Tributo a Júlio Vilela. O espetáculo lida com a memória e tem como propósito ressignificar os elementos simbólicos que marcaram uma bela página da história das artes cênicas de Goiás.
Júlio Vilela deixou uma lacuna que não há como ser preenchida. Numa cidade que preza pelo esquecimento, lembrar Júlio e sua contribuição para o cenário artístico é necessário, como afirma o diretor, ex-Secretário de Cultura de Goiânia, e também aluno do curso, Sandro di Lima: “Não é possível contar a história de Goiânia se não contamos as histórias das pessoas que aqui viveram e vivem. E o Júlio Vilela foi de extrema importância, pois ele conseguia enfrentar a cidade com imponência – por fazer teatro de gênero numa época de grande preconceito – e ao mesmo tempo era capaz de dialogar com a cidade e seus habitantes”.
Esta é uma história de amor pelo teatro e pelos sujeitos não convencionais que o fazem. A partir de um conjunto de quadros entrelaçados, o espetáculo possui narrativas autônomas. São personagens construídos pelos artistas em apresentações em solo, grupo e performances que representam a trajetória de Jú Onze e 24. O público pode esperar por quadros humorísticos com cenas caricatas, dublagens e outros. Como parte de um trabalho acadêmico (TCC), conta com a participação voluntária de amigos e amigas de Júlio Vilela. Atores que faziam Jú Onze e 24 foram convidados para transformarem o palco num território de alegria, muita purpurina e, claro, saudade.
Na ocasião, vai ser exibido o curta-metragem documentário Júlio Além do Efêmero, outro produto do TCC. Estruturado em depoimentos, coleta de imagens, arquivos e clippings, visa narrar um pouco do que foi a trajetória do ator à frente de Jú Onze e 24. O curta traz a presença viva de um homem extraordinário e celebra uma liderança marcada pela empatia e pela generosidade. Para além do TCC, o grupo da produção considera que o vídeo se constitui como um documento importante de registro audiovisual para arquivo e acervo da cultura goianiense.
Respeito da pluralidade – importância de Jú Onze e 24
Para além de fomentar a cultura e o teatro na capital, Júlio Vilela e Jú Onze e 24 abriram caminhos para discutir tabus e promover a questão de gênero. O espetáculo fazia crítica ao binarismo homem x mulher por apresentar homens em roupas femininas. A partir de performances de drag queen, apontava críticas sociais, abordagens sobre política, gênero e sexualidade com muito deboche e humor.
Júlio mantinha bom relacionamento com empresas e meios de comunicação fomentando e valorizando a produção artística local. Buscava fazer um intercâmbio entre políticos e ativistas LGBTS para discutir sobre políticas públicas ao público homoafetivo numa época de tanto preconceito e discriminação. Através de textos, cenas e performances, ele e sua troupe apontavam críticas construtivas e não se submetiam a uma lógica vigente que estava em Goiás, ou seja, fugiam da mesmice preconceituosa que a sociedade como um todo insistia em reproduzir.
Legado do Jú
Júlio conquistou um espaço para o teatro goiano como poucos e seu espetáculo era sucesso na capital, interior do estado e Brasil afora. Mas com sua morte em 2006, acabou-se também Jú Onze e 24. “O Júlio se foi num momento em que estávamos no auge. Fazíamos shows todos os finais de semana e, às vezes, chegávamos a fazer quatro apresentações por dia”, lembra Sérgio Gomes, artista e seu “braço direito”.
Pelo peso que seu nome carrega, os alunos do curso de Produção Cênica do ITEGO em Artes Basileu França Marci Dornelas, Rose Araújo, Sandro di Lima, Tainara Mendes e Thamara Fagury optaram por reviver um pouco desta história e trazer à tona questionamentos tão importantes para os tempos sombrios em que estamos vivendo. O grupo deseja que a memória de Júlio Vilela continue viva e forte na história da capital com o espetáculo Saudade & Purpurina – Um Tributo a Júlio Vilela, que ocorre terça-feira (27/03), às 20h, no Centro Cultural Martim Cererê.
Serviço:
Saudade & Purpurina – Um tributo a Júlio Vilela
Data: terça-feira, 27 de março de 2018
Horário: 20h
Local: Centro Cultural Martim Cererê – Rua 94A, Setor Sul, Qd. 18 – Goiânia (GO)
Programação:
20h – exibição do curta-metragem documentário “Júlio Além do Efêmero”
20h30 – espetáculo Saudade e Purpurina – Um tributo a Júlio Vilela
Ingressos: 11,00 (meia entrada)*** e 24,00 (inteira)
*** Para pagar meia entrada basta “se montar” ou ir com muito brilho, glitter, makes, plumas, paetês, cílios postiços… enfim, basta se deixar levar pelo espírito contagiante do Jú!
Redes sociais:
Instagram: instagram.com/saudadepurpurina
Facebook: Saudade & Purpurina / evento: Saudade & Purpurina – Um Tributo a Júlio Vilela
Produção Geral, Executiva e Cênica: Marci Dornelas, Rose Araújo, Sandro di Lima, Tainara Mendes, Thamara Fagury.
Elenco convidado para curta-metragem documentário e espetáculo: Paulo Reis, Cláudia Vieira, Leleco Diaz, Marcelo Venâncio, Arsênio Gomes, Sérgio Gomes, Sanderson God, Lázaro Leal (Kanichala), Marques Matos (Amargosa Simpson), Chico Miranda e Cezar Ogawa.
Texto e fotos: divulgação.