Paulo Pasta
Disse Millôr Fernandes:
“Fique tranquilo: sempre se pode provar o contrário.”, e isso, quando acontece, é certeza de boas surpresas. Certamente os anos de pandemia foram um ponto de inflexão no qual, de repente, tivemos que conter rotinas aos nossos universos particulares.
O mundo já não era tão expandido. Tornou-se menor. Recolhido. Fechado. Foi um desafio. E foi no meio desse desafio que Paulo Pasta, acostumado aos grandes formatos, também desafiou sua pintura a se tornar grande em dimensões infinitamente menores as quais estavam acostumadas. E surpreendeu.
Em “Pintura de Bolso”, o pintor traz uma série de 90 obras em 10 x 15 cm nas quais revisita seus temas, acúmulos e referências de maneira poética e muito bem resolvida, mas que também revela novos traços que acrescentam, e muito, à sua produção.
A impressão que fica é a de que se trata de 90 pequenos recortes cotidianos, que revelam em profundidade, as sensações contidas em meio às restrições – e que são transmutadas em cores, formas, linhas e colunas em pequenos espaços, mas sem perderem o alcance que possuem nos grandes formatos.
A expografia também é um acerto e dá dimensão que cada tela merece. Ao contrário dos conselhos para agrupá-las em uma única parede, o artista decidiu mostrá-las em grupamentos menores, por cores ou temas, dando a força necessária para que funcionem em conjunto e também individualmente.
Uma decisão acertada, assim como foi a da @_millan.art em escolher os trabalhos para inaugurar o seu terceiro espaço expositivo em São Paulo, e onde ficarão em cartaz até o dia 29 de abril.
Chico da Silva
Com data de nascimento incerta, mas estimada entre 1910 e 1923, Francisco Domingos da Silva, o Chico da Silva, nasceu na região do Alto Tejo, no Acre, mas mudou-se para o Ceará ainda na infância. Por volta de 1937, os muros caiados dos pescadores da Praia de Formosa serviram como telas para suas primeiras pinturas.
A década de 1940, em um encontro com o crítico e pintor suíço Jean Pierre Chabloz, marca uma mudança de materiais em sua obra. Se até então seus pássaros e seres místicos, como dragões – em óbvias referências à sua infância amazônica e origem indígena-colombiana -, eram pintados com cacos de tijojos e folhas frescas, a partir desse momento ele tem acesso ao guache, que além de mudar as cores de suas pinturas o leva a ocupar espaços antes nunca alcançados por artistas populares como ele – inclusive com Menção Honrosa na Bienal de Veneza, em 1966.
É essa história contada na exposição Chico da Silva e o ateliê Pirambu, na @pinacotecasp, em cartaz até o dia 28 de maio. Não deixem de conferir.