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Deixa o sol entrar

Acordo, abre a janela, deixo o sol entrar. Começo o home office, só que hoje de um jeito diferente

19 de julho de 2020
Deixa o sol entrar

Um solzinho entrando pela janela...(Foto: Pxhere).

Acordo, abre a janela, deixo o sol entrar. Permito que o vento entre e percorra minha casa, suavemente, passando por entre portas, cortinas e objetos. Olho o sol, como ele é tão vivo! Sinto cheiro de café fresco, coado, pão quente. Decido colocar uma música do Spotify, alguma playlist bem animada. É hora de começar o dia. Após um banho não muito demorado para economizar água, passo minha água de cheiro e visto algo confortável. Começo o home office, só que hoje de um jeito diferente. 

Já passei pelo tempo que trabalhava quase quatro turnos, dois em casa, entre diversas funções, sendo que a noite e a madrugada iam adentro. Em outros momentos, trazia trabalho para casa, queria resolver algumas coisas, acelerar outras, me debruçar sobre novos projetos. Ainda teve aquela época em que fui plantonista do meu setor à noite e finais de semana, sem contar quando era incomodada o tempo inteiro por algum chefe sem a menor necessidade. Há muitas definições e floreios para o home office, mas hoje o melhor jeito é o meu: trabalhar com o que quero e também preciso, sobretudo respeitando meus próprios horários e limites.

Chega dessa lenda de era “multitarefas”, é só uma desculpa para a gente trabalhar mais. E muito desse trabalho, por razões que podem ser as mais distintas entre si, vão pro lixo. Pare, respire, deixe o sol entrar. O mundo não vai acabar se você sentar um pouco na cadeira, ir ao banheiro ao invés de segurar o mijo e desenvolver uma infecção urinária, se ausentar da sua mesa por 15 minutos para um lanche e evitar uma hipoglicemia. O mundo continua, o trabalho continua, tudo continua mesmo quando você para um pouco para brincar com seus filhos, desfrutar uma alimentação melhor, dormir melhor. Uma coisa de cada vez tem mais resultado do que várias coisas ao mesmo tempo, que podem, inclusive, serem inacabadas ou mal feitas. Não existe gente multitarefa, existe uma ilusão de ser um robô.

O sol entrou, fez festa, se pôs. É hora daquele banho para relaxar, outra playlist para desacelerar o dia. Não sei se vejo Netflix, se leio um livro ou se apenas fico acariciando meu cachorro. Amanhã espero o sol de novo, no mesmo horário, entrando na minha janela com boas notícias e meu trabalho preferido: aquele em que eu estou sempre em primeiro lugar.

Kalyne Menezes

Sou fundadora, diretora e coordenadora geral do Antes do Ponto Final. Jornalista, escritora e pesquisadora. Gosto de escrever, falo no podcast e apareço no vídeo para contar histórias de pessoas e lugares, de diferentes maneiras. Também gosto de ir atrás das relações entre Comunicação, Informação, Cultura, Cidadania e pessoas com foco no que é social e coletivo.

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