“Sou de carne e osso! Eu não sou de ferro”. Ouvi isso de uma pessoa querida e fiquei pensando sobre o assunto. E é claro que todo mundo gostaria de ser “de ferro”, ouvir as palavras ruins e não se importar, pois no momento que chegam até nós, seriam rebatidas, aliás, sequer cruzariam nosso corpo. “Ser de ferro” é nem precisar mudar de direção, pois nada no caminho te faria alterar a rota
Mas a gente é de ferro, não de carne e osso. Eu sou. No momento em que não caio no chão sou de ferro. No instante em que ignoro as palavras, evito olhares e deixo de falar. Porque ser de ferro não é ser vazio de sentimentos, e tê-los e guardá-los para si, é passar por situações que só você sabe e sente, que ninguém precisa saber ou entender. Ser de ferro é sorrir quando não se quer nem dizer um “bom dia” para as pessoas do cotidiano.
Ser de ferro tem seu lado bom. A armadura, na verdade, não é de fora para dentro. É de dentro para fora, protegemos nosso eu. Ser de carne e osso, isso sim, deve ser difícil. Deve ser difícil ouvir uma ofensa e não responder. Deve ser difícil ser machucado por uma atitude impensada das outras pessoas. Difícil mesmo deve ser ficar em pé quando tudo o que você deseja é cair no chão e não sair mais de lá. Difícil mesmo é seguir a vida e escolher continuar de pé quando o apoio palpável é o céu. “Ser de céu” é mais do que uma escolha ou condição natural: é inerente à vida.
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