Queria morar numa casa amarela, onde o pôr-do-sol acontecesse todos os dias pela janela dos fundos. Os raios, suaves, iluminariam o rosto, com um quente gostoso, a olhar, de olhos apertados, o final de mais uma tarde, depois do banho, com cheiro de jasmim. A pele sentiria aquele leve calor, nada muito exagerado, apenas no nível da admiração e estabilidade.
As janelas seriam largas, para abrigar muito vento. Nos corredores laterais da casa, um jardim suspenso. Paredes verdes para segurarem o frescor. Um verde vivo, como a vida. Na frente, um ou dois pés de rosas para lembrar de como o cotidiano pode ser delicado.
Na minha casa teria muitas plantas, inclusive árvores com frutos. Onde houvesse um espaço para que essas árvores crescessem. Nem muito, nem pouco: o espaço seria apenas o suficiente. E, fortes, essas árvores sustentariam meus sonhos – e de quem estiver comigo balançando na rede.
Havaianas no chão, um pedaço de terra para poder andar descalço de vez em quando e descarregar as energias. A terra entre os dedos, massageando. E o amarelo do interior da casa reluzindo como pano de fundo de todas as histórias. E sorrisos. E abraços e olhares.
É uma casa comum, como qualquer casa de paredes de concreto e madeira e telha e ripas. Uma casa com sensibilidade, pessoas, caras e bocas. Mas, sobretudo, uma casa com o aconchego do pôr-do-sol, a agitação do suor escorrendo na nuca, o frescor da água gelada da bica. Uma casa de gente.
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