Cena de Mel Tamarindo - Crédito: Pedro Paulo Medrado
Tradições populares do Nordeste brasileiro entram em cena com “Mel Tamarindo”. A obra audiovisual, inédita em todo o Brasil, é uma peça-filme da Cia. Ju Cata-Histórias. Um apanhado de ideias sobre o “bicho-gente”, que são dançadas e encenadas, produzindo reflexões sobre o cotidiano e um mundo de sonhos e desejos. O projeto conta com apoio da Lei Aldir Blanc e a estreia será dia 25 de junho, às 19h, dentro do Festival Misturaí, que acontece na Clandestina Casa Cultural (Av. Universitária, esq. c/ rua 262, St. Universitário). Nesse mesmo dia, o trabalho também terá sua estreia pelo canal do YouTube @ciajucatahistorias e pelo canal do próprio Siba (@MundoSiba), às 20h. Já no dia 26 de junho, às 19h, outra transmissão será feita presencialmente, na Officina Cultural Geppetto (Rua 1013, Quadra 39, Lote 11, 467 – St. Pedro Ludovico), com entrada franca.
Uma equipe formada por dramaturgos, cineastas, bailarinos, artistas de circo e de teatro, músicos e pesquisadores da cultura nordestina criaram um grande coletivo, com o objetivo de colocar em cena as fantasias, personagens e situações inspiradas nas músicas do cantor e compositor Siba Veloso, guitarrista, rabequeiro, mestre de ciranda e de maracatu de baque solto, um dos precursores do movimento manguebeat. As músicas “Só é gente quem se diz”, “Tempo bom rendondin” e “Mel Tamarindo” são as que embalam esse processo e dão vida às cenas criadas pela Cia. Ju Cata-Histórias, que se auto descreve como sendo um grupo de narração, música e teatro.
A idealizadora do projeto, Juliana Mado, é quem discorre sobre os motivos que a fizeram querer trabalhar com as canções de Siba: “suas composições trazem uma poética particular nas letras, com traços de humor e sagacidade, tratando de temas muito contemporâneos, mas também fazendo um mergulho em tradições populares pernambucanas, como o Maracatu Rural, a Ciranda e o Cavalo Marinho. Além disso, as letras transitam entre ideias sobre tempo, a sociedade e o bicho-gente, coisas que resolvemos dançar e encenar justamente pela teatralidade das falas cantadas de Siba.“
Celebração da amizade
A diretora Izabela Nascente, por sua vez, ressalta que o Maracatu Rural e a dança do Cavalo Marinho, apesar de serem manifestações vibrantes e alegres, surgem de um contexto muito duro, de vida, de condição social dos trabalhadores rurais da Zona da Mata de Pernambuco. Assim, ela explica que em Mel Tamarindo foi feita uma releitura desse contexto, só que voltando o olhar para as grandes cidades, para os trabalhadores urbanos. Além disso, a diretora antecipa que no enredo da peça, o grande transformador das relações é o Senhor Tempo. Uma entidade que tem o poder de reunir e amalgamar as relações. Mas Izabela deixa também o spoiler, de que no final, tudo acaba em festa, e ainda comenta: “Eu queria trabalhar com uma coisa leve, como a amizade, as relações de apoio que vivenciamos, a possibilidade de olharmos mais para nossos amigos com aquele frescor de quem está se descobrindo novamente. Esse espetáculo é realmente uma celebração da amizade, do apoio das pessoas que nos fazem viver melhor. Minha expectativa é que as pessoas assistam e se sintam com vontade de encontrar seus amigos.”
Um mergulho no Cavalo Marinho e no Maracatu Rural
Segundo seus criadores, Mel Tamarindo se baseia nas músicas muito próprias da cultura originária e nas percepções sociais de Siba, e também traz como matriz corporal o Cavalo Marinho, uma dança e folguedo popular de Pernambuco, além do personagem Caboclo de Lança, ou apenas caboco, que pertence ao Maracatu Rural. Para isso, os intérpretes, além de terem a supervisão de Tainá Barreto, que é professora e pesquisadora dessas manifestações, eles também participaram de oficinas com Fábio Soares, que é um bailarino e “caboco” da Zona da Mata Pernambucana.
Ou seja, o trabalho de pesquisa para composição da Peça-Filme Mel Tamarindo demandou um mergulho profundo nas raízes da cultura nordestina e de suas manifestações populares, tanto quanto uma observação minuciosa das críticas sociais presentes na dramaturgia de Romagnoli, nas letras das músicas escolhidas, e na própria experiência humana dos criadores da obra, que celebram a beleza do Brasil profundo e o poder das relações humanas e sociais, da amizade em especial, na transformação de olhares sobre a vida e o outro.
Para crianças e adultos
Duas personagens que vivem juntas, em função de seus trabalhos e demandas, se esquecem um do outro e passam a ser estranhos. Uma situação que merece ser interrompida, mas que para isso exige a intervenção de uma terceira força, que é onírica, mas muito presente: o tempo, que com mágicas e malabarismos, enreda essas duas criaturas em suas tramas benéficas.
A contação dessa história representa justamente a busca por aquilo que nos torna humanos. O reconhecimento do outro, a empatia, a amizade e o amor. As cenas interpretadas, dançadas e brincadas na obra Mel Tamarindo desejam fazer com que as pessoas, adultos, jovens e crianças, se observem mais e saboreiem a vida com mais alegria, humanidade e afeto. Não à tôa, o trabalho se encerra com uma ciranda, homônima à Peça-Filme, que trata justamente da beleza do reencontro, da possibilidade de nos darmos as mãos e de dançar uma ciranda.
“Quem quer brincar
Dá a mão ao companheiro
Forma a roda no terreiro
E pode se balançar
Quem não dançar
Procure um canto e se escore
Abra o ouvido e decore
Ou grave no celular”
(Siba – Mel Tamarindo)
Ficha Técnica:
Atores criadores: Juliana Mado, Vinícius Bolivar e Kesley Rocha
Direção: Izabela Nascente
Dramaturgia: Marcelo Romagnoli
Música: Siba Veloso
Direção de arte: Iago Araújo
Direção de fotografia: Victor Souza
Supervisão coreográfica: Tainá Barreto
Direção de produção: Juliana Mado
Produção: Sarah Menezes e Iago Araújo
Figurinos: Milleide Lopes e Marcela Faria
Cenografia: Bulacha
Assistente de direção de arte: Larissa Ferreira
Assistente de fotografia: Pedro Paulo Medrado
Platô: Gustavo Pozzatti
Oficina de Caboco: Fábio Soares
Residência artística: Oficina Cultural Geppetto
Arte e design: Emília Simon
Social media: Eliza Araújo
Serviço: Estreia da Peça-Filme Mel Tamarindo
Data: 25 de junho (sábado) – 19h
Local: Clandestina Casa Cultural
(Av. Universitária, esquina com rua 262, St. Universitário – @clandestina_casacultural)
(dentro da programação do Festival Misturaí)
Entrada: R$ 15 (preço único)
Data: 25 de junho (sábado) – 20h
Local: You Tube da Cia. Ju Cata-História e do cantor e compositor Siba Veloso
Data: 26 de junho (domingo) – 19h
Local: Oficina Cultural Geppetto
(Rua 1013, Quadra 39, Lote 11, 467 – St. Pedro Ludovico)
Entrada gratuita
Informações: https://www.instagram.com/
Texto: Ana Paula Mota | Nádia Junqueira Ribeiro.