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Por aí. /Ponto de Vista.

Cultura, História e Audiovisual

Mediações em sala de aula

5 de junho de 2024
Cultura, História e Audiovisual

Foto -- crédito: imagem de Skechepedia / Freepix

A experiência de ser professor no Estado São Paulo vislumbra uma atitude criativa em relação à formação de uma sociedade plural e diversa. No Programa de Ensino Integral, na Escola Estadual Ennio Voss, o professor cria um plano de ensino semestral denominado eletiva, que aborda duas áreas de conhecimento, nesse caso: Ciências Humanas e Linguagens. Assim, uma eletiva foi desenvolvida: Cultura, História e Audiovisual, com foco na construção de um imaginário coletivo, a partir das singularidades dos alunos. Após a escolha dos filmes, foi pedido uma resenha de cada aluno, para cada filme. Nesse primeiro semestre os filmes escolhidos foram “Rio” e “Moana”, apropriando os alunos nas temáticas de desenvolvimento da identidade do Brasil e aspectos de preservação ambiental.

No primeiro filme, “Rio”, uma aluna escreveu que “Rio aborda temas como a conservação ambiental”, em conjunto, a ambientação do estrangeiro é colocada por outro aluno “a ararinha-azul chamada Blu, que ao nascer foi capturada […] e levada para Minnesota, nos Estados unidos, ela cai do caminhão e é encontrada por Linda” outra estudante expõe o tema principal do filme “Ao chegarem ao Rio de Janeiro Blu – ararinha azul – e a fêmea, chamada Jade, são sequestradas por contrabandistas de aves”. Dessa forma, há a presença de uma interpretação positiva, enquanto o enredo do filme se desenrola “Eles conseguem escapar e embarcam em uma aventura pela cidade, encontrando diversos personagens excêntricos, enquanto tentam salvar sua espécie da extinção”. No limiar do filme, a escrita dos alunos apreendem o espaço de conservação e aprendizado sobre a fauna do Brasil. 

Além dos personagens principais, uma estudante compreende aspectos da desigualdade social presente na obra audiovisual “um garoto chamado Fernando que sequestra as araras, mas ele só faz isso para ganhar dinheiro”. A percepção sobre o personagem Fernando, que vive em situação de rua em uma favela do Rio de Janeiro, desperta um sentimento de humanidade e empatia, características fundamentais na formação humana. Adiante, uma estudante contempla a perspectiva de Jade “Só que ela é um espírito livre e detesta ficar engaiolada”. Nessa tessitura, a expressão da aluna movimenta uma liberdade feminina que emerge como mais uma vertente interpretativa do filme “Rio”.

No filme “Moana”, um aluno compreende que “o filme destaca a importância da preservação do meio ambiente e a conexão entre a humanidade e a natureza”. O ensino da eletiva expõe o pensamento ecológico como uma forma de existência consoante ao estado entre humanidade e natureza, características vivenciadas por este aluno. No mesmo texto, o aluno expõe que “Essa narrativa reflete os desafios enfrentados por muitas comunidades costeiras devido às mudanças climáticas”. O enquadramento audiovisual de uma cultura que vivencia problemas climáticos coloca em evidência a percepção do alunado frente aos desafios contemporâneos. Desse modo, o aluno continua “O filme destaca a importância da cooperação entre as pessoas e o respeito à natureza para enfrentar esses desafios. Moana também confronta a ideia que a humanidade pode dominar a natureza, reconhecendo que a harmonia com o meio ambiente é essencial para a sobrevivência a longo prazo”. Nesse ínterim interpretativo, há a perspectiva de um espaço consciente entre a relação humanidade e natureza, organizando os sentidos, por meio da cooperação entre as pessoas e a possibilidade de um prolongamento de vida sustentável.

Ainda  sobre “Moana”, há a percepção imagética de uma aluna acerca do protagonismo feminino que reverbera no filme: “Moana é uma corajosa jovem […] ela se vê querendo descobrir mais sobre seu passado além de ajudar sua comunidade”, outro aluno escreve “Apesar da pouca idade que tem, Moana entende que precisa enfrentar seus medos de decepcionar a família, então ela busca soluções para superar seus medos”. Portanto, as vivências em um espaço de elaboração, a escola, ressoam singularidades e perspectivas válidas sobre temas contemporâneos, envolvendo criativas interpretações que compõe o imaginário cultural em movimento, permitindo uma formação humana, acolhedora e crítica aos jovens dos anos finais de uma escola pública em São Paulo – SP.

Igor Lemos

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