Esse é um prédio histórico muito famoso, chamado Sertaneja. Sempre passo aí em frente nas minhas andanças pela cidade.
E aí, pessoal, tudo bem?
Não posso deixar de dar os parabéns para minha querida terra natal, Barreiras, Bahia, que completa 129 anos no dia 26 de maio. E quero deixar registrado de uma forma breve o tanto que a cidade, à sua maneira, respira arte e inspira novos artistas.
Pode não parecer à primeira vista, mas daqui saem muitas ideias e novos artistas. Talvez seja a poeira e o pé rachado, que Saulo Fernandes disse brincando (com um fundo de verdade) em entrevista sobre nossa terrinha. Por lá a família Fernandes é bem famosa no ramo musical, e a música inspira até hoje muitos artistas de gerações e idades diferentes – aqui lembro rapidamente da famosa Banda 26 de maio, do cantor Elano Santarém e da Talita Sampaio que era minha contemporânea no antigo Cefet-BA.
E por falar em Sampaio, vale lembrar que ainda nas primeiras décadas do século XX o maestro e compositor Antonio Sampaio incentivava os jovens barreirenses no gosto musical, e foi ele quem fez, junto com seu irmão, dois hinos bem importantes por aqui: o Hino de São João Batista, padroeiro da cidade e o Hino do Colégio Padre Vieira. Por aqui as filarmônicas também são antigas, de 1902, destacando-se as Filarmônicas “8 de Dezembro” e “24 de Junho”, que até até tocou na inauguração de Brasília.
Se a gente der uma passadinha no Museu de Barreiras (após a pandemia do novo coronavírus, claro), também veremos muitas fotografias de Napoleão de Mattos Macedo, que deixou muitas fotos da cidade e também algumas câmeras fotográficas. Hoje eu vejo alguns amigos divulgando uma galera nova nas redes sociais, infelizmente não conheço muitos (ainda), mas tem um livro ótimo do Rui sobre o Oeste da Bahia, que tem fotos daqui (acho que ele não é natural da região, mas de alma acredito que sim).
Também não posso esquecer da Academia Barreirense de Letras – ABL, que existe desde 2005. Além de nomes consagrados por aqui, como o Antonio de Pádua, que foi meu professor no Ensino Médio, a academia sempre realiza eventos e tenta ampliar seu escopo de novos escritores – ainda não fui em nenhum evento, mas estou aqui planejando participar da próxima Festa Literária de Barreiras – FLIB. E, claro, faço um destaque para o cordelista Zeca Pereira, na minha última visita à cidade comprei muitos cordéis, coletâneas, todas de muito sucesso.
Eu também soube que agora a cidade tem um Ponto de Cultura, chamado Flor do Trovão. É um projeto que conta com o apoio do governo federal e estadual, e funciona no antigo Lavoisier, um restaurante-pub-music bem bacana cuja proposta era “transformar” tudo, e ainda me lembro dos cardápios em formato de disco de vinil, lá nos meados de 2005. O lugar continua bacana, agora com projeto novo voltado para a prática teatral em consonância com outras linguagens artísticas (veja aqui). E vale lembrar do saudoso Trapiche, eu frequentava o mix cultural do lugar quando ele ocupava um prédio histórico perto do cais da cidade. Pura efervescência cultural. Aqui também tem uma cena de música alternativa e rockzinho muito massa.
Aqui também há muitos artistas plásticos, na minha infância conheci o trabalho do Mestre Nêgo, que ficava num ateliê no centro histórico da cidade. Tem também os artistas Randesmar e Jailson C. Miranda, que conheci com o projeto Salve Barreiras. Mais recentemente conheci o trabalho de Eduardo Lima, que uma pessoa da área cultural me indicou e sempre acompanho. Adoro a tela da releitura do Gustav Klimt, que ilustra essa matéria.
Bom, a cidade não para de crescer e respirar cultura, e acho que isso deve cada vez mais ser incentivado, valorizado e ampliado. Aqui falei só um pouquinho, citando alguns artistas, mas há muitos que devem ser lembrados, divulgados, e valorizados (inclusive, o nosso site tá sempre disponível para vocês). Ainda vejo muitos caminhos a serem percorridos, mas a cultura é uma constante que merece sempre investimentos para chegar de uma maneira democrática, plural e diversificada a todos.
Parabéns, Barreiras, parabéns terrinha. São 129 anos de muito chão, poeira e cultura.