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A marcha foi muito longa, 15 dias direto de caminhada com pequenas paradas onde a hospitalidade se fez ser paga em graça e cantos diante de um cenário chuvoso. faltava o sol para agradar e tocar os santos peregrinos que incansavelmente pensavam no caminho, mas também na chegada.
De volta dessa longa caminhada já tem algo interessante para contar sobre as superstições da morte. A volta é mais longa porque em hipótese nenhuma podemos cruzar o caminho que fizemos na vinda e também não é recomendável que se atravesse o Rio Meia Ponte. Superstição ou maldição, não faço ideia. Se todo mundo faz isso a anos, porque não continuar fazendo em vez de fazer o teste?
O que é importante é estar presente independente do caminho e falando em presente. Tudo começou com três coisas. A esperança que renasce a cada ano, a vontade de tornar tudo melhor e a coragem de ir atrás para curar e mudar. Esses são os significados dos três presentes entregues pelos três reis magos ao menino Jesus.
Os três reis magos, que, de acordo com estudiosos, não eram reis e nem eram três. Com base em documentos apócrifos que, atualmente, estão no Vaticano, se a tradução estiver correta, os “reis” magos eram mais de 12, mas somente três são citados nesses achados: Melchior, Gaspar e Baltazar.
Brent Landau, professor de Estudos Religiosos da Universidade de Oklahoma, passou dois anos traduzindo o texto do século VIII de seu siríaco original. Em um artigo publicado no Dailymail, um tabloide britânico, o professor aponta que o texto foi escrito por uma “seita” que se denominava de místicos.
Segundo Landau, a história aponta que os magos descendiam do terceiro filho justo de Adão, Seth, e eles vieram do oriente de um lugar chamado Shir, onde hoje é localizado a China. O professor ainda complementa que foi Seth que profetizou que uma estrela os guiaram no momento da encarnação de Deus na Terra.
Essa é uma das tantas histórias sobre esse momento histórico, mas acaba por ser a mais controversos, pois o texto traduzido também não fala sobre ouro incenso e mirra, mas a simbologia por trás desses três itens, ao longo dos anos, promoveu uma tradução fiel da glória narrada e foi se atualizando conforme os anos.
A Folia
A festa como nós conhecemos surgiu no Brasil na época da colonização. Cerca de 100 anos depois da chegada dos portugueses, começaram a acontecer as missões e os padres jesuítas vieram com a intenção de converter os nativos ao cristianismo e essa conservação era centralizada revivendo passagens bíblicas para catequizar os povos originários.
De acordo com o jornalista, pesquisador e professor, Vinícius Luz, com o passar dos anos a Folia de Reis ganhou características de cada uma das regiões onde ela é celebrada. “Em Goiás por exemplo nós temos em todos os municípios características peculiares, por exemplo a figura do palhaço, que representa Herodes e não está presente em todas as folias que acontecem no Estado”, afirma Vinícius.
A cultura não é estática e até hoje a forma como se celebra o dia de reis está muito além de qualquer achado arqueológico e não se desfaz por conta disso, muito pelo contrário. Em um mundo globalizado, sua tradição resiste, acontece até fora de época e vai além da primeira semana de janeiro.
Os Foliões do Capitão Olídio, grupo de Goiânia, voltaram a passar pelos corredores do Hospital Alberto Rassi para levar esperança de um novo recomeço para as pessoas que estão internadas ali.
Lá, esse folião que vos escreve encontrou um senhor com nome de Gaspar, um homem que tem cerca de 55 anos. Ele mora na zona rural de Porto Nacional, no Tocantins. Ele me disse que sente relembrou quando era criança, se emocionou ao ouvir a forte cantoria que subia a rampa do hospital. Gaspar, pediu para pegar na bandeira e agradeceu em oração emocionado.
Científico, achado, traduzido ou pela inexplicável fé a folia é popular introduzida pela igreja católica do século XVII ela moldou a nossa maneira de ver o mundo e agradecer em sacrifício, oração e fé.
Seja pela fé e curiosidade científica ou popular, as várias faces do reisado, não mais se limitam aos 15 dias de caminhada e ao retorno depois da peregrinação e não se limita à primeira semana de janeiro. No próximo domingo, 29 de janeiro, acontece o 20º encontro de Folia de Reis na Igreja Matriz de Campinas. A programação é gratuita e começa bem cedo, às 6h com a Alvorada Festiva e às 7h acontece a Missa dos Foliões. O evento vai reunir grupos de folia de reis de todo estado. Ao mesmo tempo, a Igreja Matriz também recebe o 4º Encontro de Catira que une todos os grupos em um tom bem musical e festivo.
Serviço
20º Encontro de Folia de Reis e 4º Encontro de Cativa
Local: Igreja Matriz de Campinas
Data: 29/01/2023
Horário: A partir de 6h
Entrada: Gratuita