Foto de algumas páginas de fotografia que guardava da Caros Amigos (Kalyne Menezes.)
Esses dias ouvi uma amiga dizendo o quanto gosta de revistas, e me lembrei da época em que eu também assinava revistas e colecionava algumas, como a Nathional Geografic, Marie Claire, Superinteressante, Boa Forma, e a extinta Caros Amigos. Acho que esta última foi a primeira que assinei, e deixei de assinar quando eles mudaram o papel sem me avisar antecipadamente, o que na época considerei uma falta de cuidado para comigo, leitora (sim, você pode achar que eu sou implicante, talvez um pouco).
Na Caros Amigos tinham páginas de fotografia e charges, que eu gostava muito. Guardei por muitos anos, até que me desfiz completamente das revistas e algumas páginas arrancadas. Eu percebi, com isso, que às vezes é preciso deixar o velho ir pra gente estar preparada para receber o novo. E que, se não fazemos isso, na maioria das vezes não voltamos a ler essas revistas que tanto guardamos. Algumas delas viram enfeites, outras ficam guardadas num canto qualquer pegando poeira. E, tirando as que trazem algum assunto que perdura com o passar dos anos, como reportagens especiais, é muito difícil voltar a lê-las.
Eu continuo amando revistas e achando elas igualmente interessantes e versáteis, mas tomei a decisão de não guardar mais como antes. Tenho algumas poucas, mas doei a maioria para pessoas ou reciclagem. E, na vida, também precisamos fazer isso de vez em quando: desapegar, deixar fluir. Porque assim podemos abrir esse espaço para a novidade, e também perceber e sentir os diferentes ângulos e pontos de vista (como este da foto que ilustra esse texto). Assim, vamos formando retratos, cada um monta seu quadro de fotos conforme sua bagagem e seus olhares. E, nesse processo, é fundamental o desapego, para dar vazão ao que ainda não vemos.
Eu ainda guardo muitas coisas, objetos decorativos, fotografias, livros, roupas. E também já desapeguei de muita, muita coisa, acredite. Eu faço parte daquele grupo que acredita que a energia tem que circular, e isso ficou ainda mais evidente depois de quase um ano vivendo com itens de uma mala pequena – alguns, inclusive, que já tiveram outro rumo. Agora, estou vivendo uma fase de desapego, num sentido amplo: revendo arquivos do computador, e-mails, projetos engavetados, carreira, sentimentos, aspectos pessoais e sociais, e, posteriormente, farei o mesmo com livros, roupas, itens de casa. Retratos da vida, sempre é bom fotografar outros ângulos.