(Foto: Freepik)
Lembro com clareza da época que a gente dependia de táxi para se locomover como alternativa ao ônibus e em como isso era diferente dos dias atuais. Minha gratidão aos muito taxistas que me divertiram com suas histórias (leia um pouco no texto Vou de táxi), e que continuam circulando de uma maneira melhor, na minha opinião, mas é quase unanimidade que os aplicativos de transporte facilitaram ainda mais o dia a dia, melhoraram a concorrência e nos possibilitaram uma alternativa a uma atitude que eu detestava em alguns motoristas de táxi: escolher se vai te levar ou não, a depender do preço da corrida. Eu já fiquei na mão algumas vezes, torcendo para que um topasse me levar em um trajeto curto.
Não digo que os aplicativos de corrida sejam perfeito, há motoristas com os quais podemos não ter uma boa experiência, mas podemos avaliar eles por isso na torcida para que melhorem. Esses tempos um motorista muito bem avaliado pelos passageiros me transportou e estava ouvindo um programa de rádio bem machista, o que me deixou muitíssimo incomodada. Não consegui falar nada pessoalmente, especialmente por estar sozinha no veículo e ser de noite (sim, mulheres infelizmente ainda precisam passar por isso na sociedade atual), mas deixei registrada minha indignação no aplicativo.
Por outro lado, é bom dividir carona em alguns momentos com pessoas que pegam o mesmo caminho, conversar sobre algo do dia a dia, ter um pouco de informalidade no próprio veículo em contraponto à formalidade do táxi. Esses dias andei com uma motorista que carregava uma garrafa de café no carro, além dos lanchinhos cronometrados. Ela havia passado por uma cirurgia recente de redução de estômago e me disse como isso mudou sua vida. Em outra ocasião, um senhor que me pareceu descendente de japonês me levou até a faculdade e comentou que seu filho fazia mestrado em informática, e que ele sabia sabia o quanto era difícil estudar no Brasil, que as pessoas acham que é fácil, mas que não é, a tirar pela rotina do filho dele. Teve também um dia que um motorista muito simpático não tinha troco, fiquei devendo R$ 2,00 mas não pude pagar porque configurei meu celular e perdi os dados dele. Espero que, se ele estiver lendo isso, entre em contato para eu acertar o fim da corrida.
Seja de Uber, 99, Garupa, Ubiz ou outros tantos aplicativos acho que uma dos pontos mais positivos que eles nos permitiram é conhecer “gente como a gente”, que, às vezes, trabalha em uma determinada ocupação e no tempo livre faz corridas para se sustentar ou ir atrás de alguns sonhos. Outros me fazem enxergar como a diversidade pode estar presente dentro de um automóvel: mulheres, homens, cis, trans, lésbicas, gays, negros, brancos, migrantes e imigrantes. esses são só alguns exemplos pra mostrar que, além do motorista, existe alguém como nós nos levando para mais um compromisso da vida.
P.S.: E aqui no Brasil transporte por aplicativo é algo bem popular, leia aqui.
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