
Foto de Luis Quintero
Rua cheia, pessoas passando pra lá e pra cá, apressadas no horário de almoço. Sol escaldante, gente suada e com fome no centro de Goiânia. Todos procurando um lugar fresco pra sentar e comer, ou uma sombra ao meio-dia para guiar o caminho de volta ao trabalho. No meio da rua, uma igreja pentecostal. O pastor prega uma mensagem de esperança e boa sorte que dá pra ouvir na rua.
A igreja, com capacidade para 200 pessoas, abriga oito nesse horário. Elas ouvem atentamente a mensagem, com as mãos para o alto para receberem a benção. Acho que são pessoas que estavam passando, e encontraram na igreja a sombra que esperavam. Junto com isso, uma palavra de ânimo pra essa vida de cão que, tantas vezes, massacra a gente. E se a gente não prestar atenção, ela engole.
Olho no relógio, são 13 horas. Meu horário de voltar pro trabalho. Por um momento eu quis entrar naquela igreja e esquecer do trabalho e do mundo. Ouvir o que o divino diz, boas-novas de perseverança e de esperança. Aguente firme, Deus tem uma benção pra te dar! Libertação, amor incondicional, prosperidade. Ali eu tive a impressão de que aquele pastor falava realmente com boa intenção, sem se importar tanto com o valor das ofertas.
Meu despertador tocou, era hora de voltar do rápido almoço. Fiquei com a imagem dos fiéis e do pastor na cabeça, ali eles recebiam um alimento que nenhum restaurante poderia vender. Independente de crença ou de julgamentos, passando na porta da igreja, eu intui que o que acontecia ali era verdadeiro, por causa das pessoas que estavam lá às 13 horas.
Se tem algo que o dinheiro não compra é um coração puro, em busca de alento e uma palavra de conforto. Ali elas saíram cheias de fé, nutridas espiritualmente. Agora, ao final do culto, é só buscar um lugar pra lanchar em paz.