Sol escaldante, pós almoço de domingo. Churrasco típico de reunião de família. Todos juntos confraternizam, e conversam coisas aleatórias do cotidiano. Tem os que chegam antes e ajudam no preparo da comida, e os que vão embora por último, lavam os pratos e conversam quaisquer assuntos.
Acho que tem épocas que gosto mais disso do que outras. Principalmente porque moro longe da minha família, e fico imaginando como seriam os domingos se morasse próximo. Seriam domingos agradáveis, curtindo a companhia só de estar perto. Mas, lá atrás, aos 17, fiz a escolha de morar fora.
Uma parte minha não se arrepende dessa escolha. Vim atrás de um sonho, como tanta gente que também saiu cedo de casa. Não foi um sonho fácil de realizar, nem de conviver. A saudade batia muito no peito, mas não era maior que minha vontade de trilhar o caminho que desejava. Já me perguntei, algumas vezes, se fiz uma boa escolha. E aí me dei conta que não se tratava dessa escolha em específico, mas de correr atrás de quem eu desejava ser – embora a gente nunca saiba exatamente a resposta ora tudo isso.
Também houveram momentos que pensei nas renúncias que cada escolha implicou, e algumas eram muito difíceis de lidar. Mas estavam aí, o caminho foi o que tinha que ser – o que dava pra ser, o que foi possível trilhar. E acho que é isso que temos que ter em mente. Será que eu faria diferente? Provavelmente uma parte do percurso, mas não significa que tudo seria tão diferente assim. Há várias maneiras de trilhar uma mesma estrada, mas nem sempre nos damos conta disso. Podemos andar devagar, acelerado, podemos parar pra descansar. Podemos cavar outra estrada, sem voltar no ponto original.
Às vezes a gente pensa em voltar no começo da estrada, ter feito escolhas diferentes. Mas ao voltar, já teremos percorrido outra estrada. Já não será o mesmo começo, tão pouco o mesmo fim
Dentro de nós sempre haverão dúvidas. Mas a verdade é que não devemos dar bola pra elas. Porque senão a cabeça vira uma confusão, e colocamos tudo pra jogo. Até o que não devemos. E aí, quando todas as peças estão no tabuleiro, a gente se questiona mais sobre cada passo. Colocamos em campo passado, presente e futuro. E nesse jogo, dificilmente, há vencedores. Ficamos num empate técnico entre o que foi e o que poderia ter sido, entre o que é e o que será, e a incerteza se torna a única bolada certeira. E, aí, não conseguiremos construir um castelo com as incertezas da vida.
Escolhas. Renúncias. Viver é sobre isso