Chorão e integrantes da banda 'Charlie Brown Jr.', no início da carreira. A música "Não é sério" foi um dos muitos sucessos da banda (Foto: Divulgação)
“O jovem no Brasil nunca é levado a sério”, e será que em algum lugar é? Ouvi a música “Não é sério” esses dias na minha playlist, sucesso de Charlie Brown Jr. na minha adolescência. Apesar da banda de rock ser antiga e ter sido extinta após a morte do vocalista Chorão, ela é uma das mais ouvidas no mundo, ocupando entre o segundo e o terceiro lugar em diferentes rankings. Acho que essa música me marcou não apenas porque eu a ouvia muito, mas também me sentia contemplada enquanto uma jovem que carregava desejos de mudar o mundo.
Ouvi de muitas pessoas que o “ânimo” e o “espírito de mudança” era comum da juventude, mas quase todas elas falavam isso com desdém ou ceticismo, como se na maturidade fôssemos mudar totalmente de ideia, já que “isso era incutimento da juventude”. Eu fico feliz de ter permanecido com alguns sonhos, ânimos e espíritos da minha juventude e de ter cruzado com algumas pessoas que acreditavam – e continuam acreditando – nos jovens. Acredito que é isso que tem faltado em muitos adultos: a crença em um mundo melhor, mais “humano e humanizado”, por mais contraditório que isso seja.
O papo de jovem é sempre sério, ele acredita que quase tudo pode ser mudado, ele curte a vida intensamente, os amigos, os amores, a rotina de descobertas. Em seu interior há uma angústia pelo amanhã, mas um aperto bom no peito que dá aquele impulso de viver, de fazer acontecer, de transformar. Se há uma tristeza, logo ela pode se converter em alegria, basta acreditar e se esforçar um pouco para que isso aconteça. E amanhã sempre será um novo dia, e porque não um dia melhor?