Por Bárbara W. Idril
Até pouco tempo eu me considerava uma pessoa muito ansiosa, diria até inimiga do tempo e da espera. E , por mais que eu tenha sido relutante, uma hora ficou impossível não aceitar a situação posta ao meu redor. Foi quando eu joguei a minha “caixa de pandora” no chão e me vi obrigada ser amiga do relógio para conseguir entender aquilo que não estava sob o meu controle e lidar com minhas dores. Pois com ela eu deixava pra trás o emprego que me realizava e a pessoa que eu amava.
Chega uma hora que a correria e uma rotina louca de trabalho não nos permite contemplar os outros 30%, 50% ou 70% de nossas vidas – depende como cada um faz essa divisão. Eu venho de uma rotina 70% – 30%. Nos 70% eu depositava toda a minha energia, saúde, tempo e sonhos – eu literalmente respirava trabalho. Os outros 30% era para eu dormir (5 horas por noite)estudar e organizar tudo que era necessário para o bom andamento da rotina dos 70%. Um dia essa rotina louca “supitou” e meu corpo chegou ao limite, era quase que “tarde demais”. Era hora de me recolher e parar de querer abraçar o mundo sozinha.
Agora, 1 ano e 10 meses depois desse pedido de socorro que o meu corpo emitia e que me propus ouvir, eu posso dizer que estou começando a colher os frutos desse processo que eu denominei de “autoconhecimento”. Já consigo perceber o tempo certo de espera para fazer uma escolha, por mais que a deseje rapidamente. O tempo de retomar a um projeto ou de simplesmente abandoná-lo, o tempo do meu corpo, da minha saúde física e mental. Mais que o meu tempo, eu estou aprendendo a lidar com o tempo das pessoas ao meu redor. Parece engraçado e até mesmo irônico para quem me conhece, mas na verdade e sinto como vivendo uma experiência mágica.
Como em todo processo de mudança de um hábito, pode haver recaídas e comigo não é perfeito. Eu aprendi a identificar rapidamente esses momentos de possíveis “quedas”, e é aí que eu respiro fundo, paro tudo, esvazio minha mente e volto colocando as ideias no lugar uma por uma, até encontrar a resposta para aquilo que me fez desviar de minha caminhada.
A cada etapa me sinto mais conectada ao universo que me cerca, às pessoas e principalmente, comigo mesma. Acho que estar sozinha pode ter sido o maior de todos os presentes que permiti me dar até aqui. À época eu não fazia ideia onde isso iria me levar e ainda não sei se poderei delimitar um ponto final. Mas sinto que meus pés estão mais próximos do chão, eu até posso sentir a umidade da terra, e eles me levam na direção certa.