Foto de Marijana (Pixabay)
Consultório de ginecologia e obstetrícia, muitas mulheres juntas numa mesma recepção, hormônios de sobra. Tem a senhora que assiste televisão no canal de filme, aquela que fica vendo vídeos nas redes sociais e a que faz uma ligação atrás da outra resolvendo pendências da empresa. Mulheres de todo tipo e idade, novas, mães, casadas, solteiras, quem sabe.
A atendente vira para uma e diz que o médico vai se atrasar um pouco, que se ela quiser fazer um pouco de xixi aliviaria a pressão na bexiga. Depois vira para a paciente de encaixe e diz que ela é a próxima, antes da outra consulta. Um terço delas estão lá com seus exames em envelopes gigantes, raio-x das mamas, útero, trompas, bexigas e o que mais o doutor ou a doutora pediram. Telefone toca sem parar.
O exame ginecológico é uma prevenção necessária, mas que ainda mata muita gente de timidez. Tem mulheres que só consultam com outras mulheres, por vergonha ainda. Há um número expressivo que não vai ao ginecologista com frequência, mesmo no sistema público de saúde, e digo isso porque já conversei com algumas dessas mulheres.
O que há de tão belo e vergonhoso no nosso corpo feminino? Um corpo que gera vida, acima de tudo. Gera acolhimento, calor, alimento dentro da barriga e fora dela, pelos seios. Um corpo que amamenta lindos bebês que recebem a quantidade ideal de vitaminas, minerais e outros nutrientes, e crescem fortes, saudáveis e cheios de vida. Um corpo de marcas, infelizmente muitas de violência obstétrica ou doméstica. Mas um corpo que resiste, sempre, para ser e se fazer de morada para outras vidas e para si mesmo.