Joshua Choate/Pixabay
“A gente se conhece há tanto tempo, e não somos amigos”, disse o atendente da farmácia que eu conheço há anos e não me recordo nunca do nome. Ele é um sujeito simpático, alto astral, conversa com todo mundo quando pode, sempre muito prestativo. A farmácia fica dentro do supermercado que eu vou, e uma das farmacêuticas responsáveis têm família na minha terra natal e sempre falamos de lá.
Depois que comprei a pomada que estava procurando, pra aliviar o tombo que levei na cachoeira em Pirenópolis, segui para as compras no supermercado. E fiquei intrigada com o que o atendente da farmácia tinha me dito, pensando, ainda, o que faz a gente se aproximar mais de algumas pessoas e de outras não? Naquele dia mesmo descobri que ele morava em Aparecida de Goiânia, num bairro bem longe da farmácia que trabalhava há mais de dez anos. Enfrentava o maior trânsito para chegar no trampo.
Eu poderia dizer que uma amizade simplesmente acontece, com um misto de oportunidade, empatia, identificação e quiçá empurrãozinho do universo. Algumas das minhas grandes amigas eu mesmo conheci na academia, um lugar que raramente faço amizades, no máximo dou “oi” e “tchau”. Acho que tinha que acontecer dessa maneira. Muitas pessoas que gosto tornaram-se minhas amigas de uma maneira despretensiosa. Algumas levaram mais tempo para serem nossas amigas, outras já o são logo de cara. Há os amigos pra vida toda, e aqueles que são importantes em uma fase da nossa história e que deixarão sempre boas lembranças.
Quanto ao conhecido da farmácia, que é super gente boa, poderia ser um grande amigo, mas talvez pela correria, pela rotina, pelo estabelecimento em que ele trabalha ser um lugar de passagem, nunca foi propício para estender o vínculo. Ele falava até de pessoas mais velhas que conhecia lá, que mantinha contato, conhecia parte da família, mas nunca houve proximidade. Quem sabe agora, depois desse texto, o círculo de amizades se amplie.