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Cofre cheio

Confesso que cofre cheio, daqueles que a gente qebra para tirar as moedas, eu só tive uma vez.

11 de setembro de 2020
Cofre cheio

Imagem de kropekk_pl (Pixabay)

Colecionar cofrinhos de todos os tipos é uma das coisas que adoro, inclusive tenho evitado nos últimos tempos comprar mais cofres. Atualmente tenho quatro cofrinhos espalhados pela casa, fora os vidros de moedas. Mas confesso que cofre cheio, daqueles que a gente quebra para tirar as moedas, eu só tive uma vez.

Chegou o dia que decidi quebrar o cofre de barro, em formato de porquinho, com um martelo (mais pela emoção do que pela necessidade de martelar). Foi legal, tirando a poeira fina para limpar depois e o tanto de moeda de 5 e 10 centavos que juntei. Até que, na época, me deu um dinheiro bom, mesmo assim decidi parar de juntar para não ter, indiretamente, uma expectativa a mais na minha vida – e deixar os cofrinhos intactos.

Dinheiro é importante e fundamental, mas cada dia mais percebo que dinheiro tem sido cada vez mais superestimado na sociedade ultra capitalista de hoje. As famílias sempre brigaram por patrimônio, e continuam se enfrentando por isso, permitindo que o rancor, a mágoa, o individualismo seja maior do que um sentimento que deveria mover as relações. Os pais tentam suprir as necessidades dos filhos e a falta de presença deles com dinheiro, comprando presentes e viagens caras. A corrupção nos postos de trabalho, as relações patrão-empregado e cargos de muito poder usam o dinheiro, não raras vezes, de forma indevida para interesses privados. E por aí vai, exemplos de mau uso do dinheiro todo mundo tem.

Claro, todos nós gostaríamos de ter uma situação financeira sempre melhor, porém de uma forma saudável. O melhor, mais precioso e mais bonito “cofre cheio” é o nosso “cofre interno”, cheio de sentimentos e de valores. Esse cofre a gente só pode abrir, se a gente abrir para contar o que temos dentro dele é possível nos enriquecermos mais e ainda enriquecermos a vida de pessoas com as quais decidimos compartilhar o que há de melhor em nós. Nosso cofre interno é sempre positivo, por mais que tiremos o que há de valor dentro dele não ficamos vazios, pelo contrário, quando compartilhamos o nosso valor de multiplica. Mais do que porquinhos e unicórnios cheios de moedas, os cofrinhos da vida é que precisam ser sempre cheios e nunca quebrados.

Kalyne Menezes

Sou fundadora, diretora e coordenadora geral do Antes do Ponto Final. Jornalista, escritora e pesquisadora. Gosto de escrever, falo no podcast e apareço no vídeo para contar histórias de pessoas e lugares, de diferentes maneiras. Também gosto de ir atrás das relações entre Comunicação, Informação, Cultura, Cidadania e pessoas com foco no que é social e coletivo.

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