Sabe quando você ama fazer alguma coisa e, de repente, você se sente paralisado?
Estava lendo um livro que disse que, para ser lido, é preciso ver. E lendo esse livro percebi algo que evitei bastante: olhar pra mim mesma. Por isso, tive tanta dificuldade de escrever novas histórias nesses últimos anos. Porque quando escrevemos contamos histórias de outras pessoas, mas isso sempre passa por dentro da gente mesmo. Escrevemos com o nosso sentimento e linguagem, e quando algo aqui dentro não anda legal, não conseguimos avançar.
Eu cheguei num limite comigo mesma, por isso parei de escrever. Percebi que era preciso olhar internamente e me acolher, só assim conseguirei prosseguir fazendo uma das coisas que mais gosto. É isso acontece com muita gente, em diferentes áreas.
A gente vai fazendo o que sempre fez e, um dia, simplesmente para de fazer. Com o tempo percebemos que não foi assim “do nada”. Nem sempre, antes de algo acontecer, há um alarde. As vezes é uma calmaria só, nenhum sinal pra nos avisar.
E as tempestades silenciosas parecem que demoram mais a passar. Porque a gente não sabe dizer o que provocou o caos interno. A única coisa que a gente sabe é sentir, e demoramos descobrir que não precisamos esconder ou deixar de sentir nada.
Sentir é a chave para abraçar o caos, porque ele faz parte da gente. Porque o caos, muitas vezes, coloca em evidência e reordena coisas que a gente evita olhar, mas que são necessárias.
O caos vem para que a calmaria e o sossego possam fazer uma morada agradável dentro de nós sem nós deixar mornos.
E, digo mais: é o caos que invade alma e nos coloca de frente a um espelho em que não é mais possível fechar os olhos. Olhe com gentileza e amorosidade: um novo ser está nascendo.