Era Início da noite, eu passava na portaria do meu prédio quando, de relance, eu vi um homem sombreado pelas árvores da rua. Ele me cumprimentou, mas demore reconhecê-lo. Seu Francisco, um antigo porteiro do meu prédio. Pareceu um pouco abatido pra mim, talvez fosse pelo tempo que eu não o via, poderia ser a saúde que não andava tão boa. Verdade é que envelhecer, bem ou não, sempre deixa algum rastro.
E logo ele foi embora, com um olhar meio triste. Acho que foi uma das últimas vezes que o vi. Tempos depois seu filho morreu de um jeito trágico, abalou muita gente que conhecia ele e a família. Francisco trabalhou mais de 20 anos como porteiro do meu prédio, e descobri que no dia de folga também era porteiro no prédio de um conhecido.
Ele sempre teve um cumprimento familiar, como se fosse alguém que conhecesse bem a família. E ele conhecia, ajudou minha mãe quando ela chegava no prédio com meu irmão que estava meio doente, e minha tia também tinha boas lembranças dele. Tinha lá algumas histórias que a gente ouvia, mas quem não tem? Ninguém é perfeito.
Sei que ele é mais um cearense que veio ganhar a vida aqui em Goiânia, e sempre conversávamos sobre algumas coisas do Nordeste, como a comida. A morte ainda não cumprimentou o seu Francisco, eu acho que ele ainda vai viver muito. Aquele dia, na portaria do meu prédio, foi só um aviso de que ela sempre aparece, uma hora ou outra.