Quando criança, tive uma fase em que todos os dias pedia para que minha mãe contasse uma historinha antes de dormir. As histórias, que ela mesmo inventava da própria cabeça, muitas vezes não eram tão bem aceitas assim por mim. Acho que começou aí essa minha vontade de contar histórias e também a tal necessidade de controle.
Sempre que não gostava de algum detalhe do conto, me intrometia na narrativa e conduzia da forma que eu queria que acontecesse. Sem perceber, desde criança, já tentava controlar até mesmo histórias que nem eram minhas, com desfechos que para mim eram muito mais interessantes, mas que mudavam completamente a moral da história.Sem querer, alterava os ensinamentos que minha mãe inseria em cada enredo, na intenção de que eu aprendesse alguma coisa com o momento.
Acho que na vida as coisas são exatamente assim. Quantas vezes a gente tenta mudar a história, alterar os processos e desfechos conforme nossa própria vontade, mas nos privando do nosso próprio aprendizado?! Bem, eu cresci, mas a mania de tentar alterar histórias, até as que nem são minhas, cresceu junto comigo.
A diferença é que agora é a vida que me ensina, e ela não para a história no meio para que eu decida qual o meu melhor desfecho. Ela só prossegue e me ensina na marra o que eu não fui capaz de aprender na infância. E dessa vez, eu tô aprendendo que nem sempre o melhor final é como o que eu acho que deveria ser, na maioria das vezes, é muito melhor.