Foi vagarosamente porque ela teve a alma ferida muitas vezes. Quando viu aquele estranho com sua luz pequena se aproximando, pensou que Deus é quem enviara mensagem de cura e salvação.
Conheceu a Cristo, se rendeu a palavra e caminhou. Pensava que era a raposa, que aquele estranho sabia da história porque dava um passo por vez.
Muitas muralhas erguidas a sua volta. Tinha jogado a chave fora! Lembrou do jardim secreto, quando se viu por dentro e contemplou todo amor e flores em alma que estavam crescendo e alimentando a vida em si, enquanto era curada e liberta por uma verdade incorruptível em sua essência.
Por ter andado tanto, conhecido muito, sido tão maltratada sua alma teve medo, mas tinha também uma esperança que pela verdade haveria saída.
Como estranho, passo a passo, retirou tijolos e levou a luz pequena as partes frágeis de si, mesmo por trás das muralhas conheceu sua alma, sabia a isca, sabia atrair e assim fez.
Por essa experiência de dor surgiu um mar no mundo que não revelará a ninguém – é parte de sua história – dos abusos que sofreu ao longo da vida.
-Era mar morto, porque quem veio trazer esperança matou o seu doce, rasgou seu poema e usou seu coração. Morto porque suas águas são as lagrimas que caíram de seu rosto dia e noite enquanto Deus a abraçou na solidão para que não desistisse da vida.
-Morto, porque ao estranho que se revelou usou o que sabia dela, apanhou seus sentimentos e emoções e guardou em pote debaixo da terra.
Ela quis gritar – escravidão!! Mas estava só.
Ele derrubou seus muros e construiu os dele, como as aranhas a envolveu em sua teia.
Acordou zonza, soube (enxergou) que ele queria matá-la.
O estranho navegava em um barco usando o mar que as lágrimas que causou criaram.
Segurava candeia fraca em mãos para manter folego vago de vida e esperança.
Ela se afogava então no mar de sua dor, com uma ancora no pé que a levava para o fundo, sentia a morte todo dia. E o mar só crescia por suas lágrimas serem o rio que o alimentava.
Estranho a nutria com veios fracos e quando as correntes se quebraram e ela ia subindo a muralha para viver ele derrubava suas expectativas com pequenos alimentos, não podia lhe dar liberdade, ele não sabe viver, não tem vida em si mesmo, não conhece o amor, se nutre como parasita da vida dela e ela sente a vida saindo de si paralisada.
-Só pode orar, socorre-me depressa oh Deus, salva-me para que eu não morra!
Ele pensou que ela não veria como a usava,
– ela pensou que era benção, não viu quando sua teia a prendeu e sufocou com fim de lhe tirar a vida.
Ela lhe confiou sua história, nunca fez assim, não fará novamente. Ele usou suas fraquezas confiadas. Egoisticamente lhe roubou os dias.
Levou tudo, até a dignidade! No espelho ela olha e não há vida, lava os olhos com lágrimas e abraça a Deus buscando vida e liberdade para amanhã.
Ela olha de cima do muro ele navegando no mar do sofrimento que ele criou. É hora de soltar e escoar o mar.
Vocês não estranhem se a notícia chegar.
Não existe mais mar morto.
História revelada.
Estranho se afogou no mar e morreu pelo sal das lágrimas que o compunham.
Ouviu-se falar de alguém que atravessou em seco acompanhada de um ser com asas.
Porque, ela sabia mesmo enquanto se afogava que sua justiça é Deus.
Que sem fé não se vive.
Amou sim. Amou errado.
Sobre esperanças para o amanhã:
-O amanhã é de Deus.
Ela sabe o que sua alma sofrida comporta. Ela vai vigiar mais e será duro o recomeço, usarão novamente seu amor?
Não sabe! Mas abrirá os olhos e segurará a mão do Anjo enquanto o plano da vida a leva onde deve ir.
Enquanto constrói caminho de esperança semeando jardins…
Não há mar de lágrimas, enfim!
Diário Textual > ...Esquinas.
Ao mar morto (amar)
Era mar morto, porque que quem veio trazer esperança matou o seu doce, rasgou seu poema e usou seu coração. Morto porque suas águas foram as lagrimas que caíram de seu rosto dia e noite enquanto Deus a abraçou na solidão para que não desistisse da vida.
10 de setembro de 2020