Imagem de Luisella Planeta Leoni por Pixabay.
Você já pensou em ter um amigo de aluguel? Poderia ser uma pessoa que contratamos por hora ou por programação, para passar o dia, passear, conversar coisa à toa, ir às compras com a gente escolher uma roupa nova para aquela festa do fim de semana. Poderíamos ter um amigo ou amiga de aluguel para ouvir nossas lamentações de término de namoro quando os amigos de verdade não têm mais tempo ou empatia pelo nosso sofrimento. E aí, ele ou ela iriam preparar uns bons drinks, colocariam música alta, levariam a gente pro clube. Tudo bancado por nós, claro.
O amigo de aluguel é diferente do psicólogo, ele ouve a gente sem compromisso em nos fazer pensar sobre a vida, nossas ações, nossas decisões. Ele não substitui as sessões de terapia, claro, mas a gente pode cair no choro ou se embriagar sem constrangimento, sem contar que não precisamos alugar sempre o mesmo amigo. A gente pode querer causar numa festa com, sei lá, alguém mais exótico. Tem aquele amigo pra levar no churrasco de família, o que compõe a mesa na festa da firma, o que ajuda na mudança e bebe todas no final.
Se aluguel de amigo fosse permitido, ao menos no Brasil em que tudo pode, certamente haveria imposto, pois a procura pelo serviço seria alta e o governo iria querer lucrar com isso de alguma maneira. O amigo de aluguel resolveria vários problemas, com um certo distanciamento, claro. Porque senão corre o risco de virar amigo de verdade. E, você sabe, nesse mundo em que todo mundo tá ocupado cuidando do seu mundinho, da sua família, da sua empresa, da sua rede social não sobre tempo pros amigos. Porque amigo de verdade mesmo não te vê no tempo livre: ele arruma tempo pra você, presencial ou remotamente. Eu acho que o amigo de aluguel faria sucesso, muito sucesso. Quem sabe assim as pessoas começariam a dar mais valor aos amigos de verdade.
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