Bem-vindo, use nossas ferramentas de acessibilidade.
C C C C
A- A+
Diário Textual > ...Olhares.

Sorriso enquadrado

“Nós só sorrimos nas fotos, essa tal de selfie, não tem mais foto espontânea”. Será?

1 de junho de 2020
Sorriso enquadrado

“Nós só sorrimos nas fotos, essa tal de selfie, não tem mais foto espontânea”. Ouvi de um professor meio hippie tempos atrás que me pegou de conversa num evento. A tese dele é de que com o avanço das redes sociais as pessoas ficaram superficiais em alguns aspectos, a exemplo das fotos. Agora, disse ele, todo mundo só sorri e faz mil poses para ficar bem na foto. Mas, ora, a vida não é feita só de alegrias, há de ter fotos mais “reais”, ele enfatizava na conversa.

E aí, eu me pergunto: “o que é o real?”. Se a gente for pelo campo da Filosofia e de outras áreas é provável que não tenhamos resposta. O que é verdade depende de cada um, como a gente vê e se relaciona com o mundo. Uma foto certamente não traduz a realidade, mas é um tanto nostálgico e saudosista acreditar que uma foto antiga, daquelas reveladas em máquinas de filme fotográfico que corriam risco de serem queimadas ao abrir a câmera, também seja real. Acho que o que mudou de lá para cá, além da tecnologia, foi também o nosso olhar sobre o mundo.

Nas pinturas, quando estudamos um pouco de História da Arte, também é possível ver isso. O modo de pintar e representar muda porque o olhar também muda. E quando veio a fotografia e o cinema imagino que as críticas à nova forma de ver o mundo também tiveram um grande peso. Quanto ao celular e às novas tecnologias, bom, enquadrado ou não, eu prefiro um sorriso sincero a um forçado. Mas também vejo que, assim como as artes de uma forma geral, tristeza, raiva, ódio e outros sentimentos podem ser profundamente tocantes. No quesito pessoal, já tem muita gente por aí querendo tirar nossos sorrisos dos lábios. Então, vamos sorrir hoje? Pode ser de qualquer jeito.

 

 

Para ler mais textos de Olhares baixe gratuitamente meu e-book aqui. Ele é uma compilação de crônicas do site entre 2010 e 2019.

Kalyne Menezes

Sou fundadora, diretora e coordenadora geral do Antes do Ponto Final. Jornalista, escritora e pesquisadora. Gosto de escrever, falo no podcast e apareço no vídeo para contar histórias de pessoas e lugares, de diferentes maneiras. Também gosto de ir atrás das relações entre Comunicação, Informação, Cultura, Cidadania e pessoas com foco no que é social e coletivo.

Baixe o e-book e saiba mais sobre.