Imagem de Bertsz por Pixabay.
Quanto a gente escreve, independente da história, tem um pouco de nós ali no texto. Da nossa visão de mundo, do nosso sentimento, das nossas expectativas, dentre muitos outros aspectos que, por serem únicos, tornam o texto tão nosso por assim dizer. Escrever pra mim é como uma janela que conectava o meu eu interior com o mundo, por essa janela eu conseguia ver o horizonte e além dele. Mas por um tempo eu passei a ver a janela fechada.
Em muitos momentos, vemos na nossa vulnerabilidade uma brecha: é como se, por um instante, nosso escudo protetor se rompesse, e o mundo pudesse ver por uma fresta um pouco da parte mais preciosa de nós. E é isso que eu chamo de vulnerabilidade, quando a gente é simplesmente a gente mesmo, sem reservas, e sem ter ativado o modo alarme. Quando a gente se expõe, de forma natural, tão natural e simples quanto o sorriso despretensioso de um bebê.
Estar assim nos permite ser nós mesmos, em algum ponto. E, ao mesmo tempo, por ser a gente mesmo, é que estamos sujeitos ao julgamento alheio. E o julgamento dói, alguns olhares pesam sobre nós e sobre a nossa essência interior. Não queremos mais traumas ou perseguições por sermos quem, de fato, somos. E por isso, de forma equivocada, evitamos a vulnerabilidade.
Muitas vezes, julgamos a nós mesmos, e acreditamos que outras pessoas vão nos julgar com o mesmo peso que nos impomos. Por isso nos limitamos e tentamos fechar qualquer parte nossa que nos revele ao mundo. Mas ser vulnerável é o ponto principal de uma existência, pois é por meio das nossas vulnerabilidades que expressamos o que temos de mais precioso. E, no fundo, é isso que faz a diferença no nosso dia a dia.
“Ser vulnerável” é uma chave-mestra que abre várias portas e janelas, conectando o nosso mundo interior com as infinitas possibilidades fora de nós.