A Companhia dos Ratos apresenta o espetáculo Mercado Branco, uma comédia sobre a cultura do consumo, criada a partir da linguagem gestual com ênfase no trabalho físico e coreográfico, com direção assinada por Fabiano Lodi.
A estreia online acontece no Teatro Paulo Eiró, nos dias 17, 18 e 19 de setembro – sexta e sábado, às 21h, e domingo, às 19h. Todas as apresentações ocorrem pelo Facebook e YouTube com acesso grátis.
Ainda em setembro, Mercado Branco tem sessões no Teatro João Caetano, nos dias 24, 25 e 26/9. Em outubro, nos teatros Arthur Azevedo, nos dias 01, 02 e 03/10, e Cacilda Becker, nos dias 08, 09 e 10/10, sempre às 21h (sexta e sábado) e às 19h (domingo). A temporada contempla ainda: CEU Pêra Marmelo, CEU Inácio Monteiro, Casa de Cultura Hip Hop Leste e Casa de Cultura da Vila Guilherme – Casarão.
No enredo, diferentes hábitos e condicionamentos sociais da vida moderna se misturam e se repetem, e mesmo quando se transformam parecem perder o sentido em um mundo onde tudo vira mercadoria. Explorando a comicidade física, por meio de técnicas de Biomecânica e Método Suzuki de interpretação, esse espetáculo de humor sem palavras coloca o espectador frente ao efeito perverso do aceitável na sociedade de consumo.
A dramaturgia de Mercado Branco é formada por cenas, nas quais o uso de produtos legalmente permitidos, bem como comportamentos e hábitos sociais, adquirem características de mercadorias viciantes e se confundem frequentemente. O nome é uma referência ao termo racista “mercado negro”, que impõe uma visão excludente e negativa a produtos e relações comerciais consideradas ilegais, socialmente inadequadas ou que têm consequências moralmente condenáveis. Neste sentido, o espetáculo aborda alguns “mercados brancos” como a publicidade, o armamento civil e a precarização do trabalho, buscando relacionar os efeitos maléficos (geralmente atribuídos aos “mercados negros”) às mercadorias “brancas” da vida moderna em num contexto de aceitação social com discursos sedutores.
Durante os 50 minutos da peça, uma atriz (Ana Leones) e dois atores (Felipe Pinheiro e Rick Salima) interpretam diferentes personagens e situações cômicas. Levantam reflexões sobre o sentido que a vida adquire em um mundo onde se permite a transformação das coisas em mercadorias. Segundo o diretor Fabiano Lodi, “essa dramaturgia sem palavras, que prioriza o movimento e a coreografia, apropria-se dos códigos e tipos sociais para aprofundar o debate e ir além das formas prontas que nos são impostas”.
Oito cenas aleatórias, em ambiente com poucos elementos e objetos cenográficos, dão sentido ao tema da montagem trazendo a discussão da legalidade para coisas viciantes. Quatro delas desenham situações cotidianas pela repetição – como ida ao trabalho, ócio e uso de medicamentos. O humor também aparece com diferentes nuances. A cena da mídia – que traz o apelo e o estímulo à compulsão em comprar e consumir – traz contornos de um humor mais lúdico. Na cena do tabagismo, quando os vícios se confundem com um estilo de vida que se deteriora em si próprio, o humor aparece mais contemplativo, como no teatro físico europeu. O humor aparece de forma mais aberta na cena do restaurante, que performa o equívoco da classificação social quando um garçom negro, feliz em ser garçom, atende um casal branco que não paga a conta. Na cena do armamento o mercado branco é literal assim como o humor: a população estaria mais segura portando armas de fogo? As personagens brigam por um banquinho e ameaçam umas às outras com armas cada vez maiores. Ao final, Mercado Branco traz o cotidiano distorcido, alienado, deprimente, no automatismo.
Este é o segundo espetáculo dA Companhia dos Ratos. O processo criativo de Mercado Branco foi desenvolvido ao logo de três anos, iniciado em 2018, no Programa Vocacional da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, que promoveu o encontro entre o diretor Fabiano Lodi e os jovens artistas de Cidade Tiradentes, bairro do extremo leste da cidade. “O que me estimulou a seguir adiante no projeto foi à paixão desses jovens pela dramaturgia do movimento, pela relação corpo/espaço no teatro. É surpreendente essa relação incomum com uma estética que exige tanto apuro técnico. Esses atores não fizeram concessões para fazer valer a importância de um trabalho tão desafiador”, finaliza Fabiano Lodi.
FICHA TÉCNICA – Dramaturgia: Fabiano Lodi e A Companhia dos Ratos. Direção: Fabiano Lodi. Elenco: Ana Leones, Felipe Pinheiro e Rick Salima. Colaboração artística: Ana Carvalho, Daniel Oliveira, Leonardo Viturianna, Marcelo Henrique da Silva (Marcelinho), Marcelo Silva, Thaty Melo e Vítor Cavalcanti Pereira. Cenografia: Rafael Boese. Figurinos e objetos de cena: Jane Fernandes. Arte das placas “Vaias” e “Palmas”: Ana Leones. Costureira: Silvana Carvalho. Maquiagem: Val Martins. Assistência de maquiagem: Estefanía Ruiz Londono. Desenho de som: Rick Salima e Guilherme Paes. Operação de som: Guilherme Paes. Supervisão de desenho de som: Carlos Valério. Desenho de luz: Fabiano Lodi e Joyce Tavares. Operação de luz: Joyce Tavares. Supervisão de desenho de luz: Gabriel Greghi. Técnico de iluminação: Guilherme Orro. Direção de vídeo – gravação: Bruno Aranha Silva. Cinegrafia: Cássio Conde e Wallace Andrade. Preparação de palhaçaria e comicidade física: Amanda Massaro. Design gráfico: Nathália Ernesto. Mídias sociais: Guilherme Paes e Rick Salima. Fotos/divulgação: Renato Mangolin. Assessoria de imprensa: Verbena Comunicação. Produção executiva: Joyce Tavares. Assistência de produção: Mariama Ferrari – BigHead Produções. Produtora associada: Leneus Produtora de Arte. Idealização e produção: A Companhia dos Ratos. Idealização e produção: A Companhia dos Ratos. Realização: Secretaria Municipal de Cultura da Cidade de São Paulo e Ministério do Turismo – Governo Federal, por meio do da Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc, Módulo I – Maria Alice Vergueiro.
PROGRAMAÇÃO
Espetáculo: Mercado Branco
Com: A Companhia dos Ratos – @ciadosratos
Duração: 50 minutos. Gênero: comédia. Classificação indicativa: 12 anos.
Acesso grátis. Temporada online.
17, 18 e 19 de setembro
Teatro Paulo Eiró
Facebook/teatropauloeiro
Sexta e sábado, às 21h. Domingo, às 19h.
24, 25 e 26 de setembro
Teatro João Caetano
Facebook/teatropopularjoaocaetano | YouTube/TeatroJoãoCaetanoSãoPaulo
Sexta e sábado, às 21h. Domingo, às 19h.
01, 02 e 03 de outubro
Teatro Arthur Azevedo
Facebook/teatroarthurazevedosp | YouTube/TeatroArthurAzevedoSP
Sexta e sábado, às 21h. Domingo, às 19h.
08, 09 e 10 de outubro
Teatro Cacilda Becker
Facebook/TeatroCacildaBeckerSP | YouTube/TeatroCacildaBecker
Sexta e sábado, às 21h. Domingo, às 19h.
29 e 30 de outubro
CEU Pêra Marmelo
Facebook.com/ceuperamarmelooficial
Sexta, às 19h. Sábado, às 10h.
06 e 07 de novembro
CEU Inácio Monteiro
Facebook/inaciomonteiro.ceu
Sábado, às 19h. Domingo, às 16h.
PERFIS
Fabiano Lodi (diretor teatral) – Mestre em Arte-Teatro pela UNESP e graduado em Artes Cênicas pela UDESC, Fabiano possui extensa formação e experiências como ator, professor, produtor e pesquisador. Desde 2005, desenvolve trabalho de pesquisa sobre procedimentos práticos em direção teatral, envolvendo os métodos Suzuki e Viewpoints, que resultaram em publicações com destaque para a tradução de O Livro dos Viewpoints (Ed. Perspectiva), de Anne Bogart e Tina Landau, à qual integra a equipe de tradução. Premiado, em 2011, com bolsa do Ministério da Cultura (MinC), participou de atividades teatrais da SITI Company, em Nova York. Em 2014, participou do programa de aprimoramento técnico do Método Suzuki, coordenado por Tadashi Suzuki, Kameron Steele e Mattia Sebastian, na sede da SCOT (Suzuki Company of Toga), no Japão. Fabiano ministrou treinamento de Método Suzuki na preparação corporal de Reynaldo Gianecchini e Ricardo Tozzi, para Os Guardas do Taj (direção de Rafael Primot e João Fonseca) e foi diretor convidado no Festival Internacional de Teatro Knots Nudos (Mogi das Cruzes) para criar o Experimento Artístico, com 47 artistas de 8 nacionalidades. Assina direção dos espetáculos: Mercado Branco – Cia dos Ratos, Terra à Vista – Grupo 59 de Teatro e A Sapateira Prodigiosa – Grupo Preto no Branco. Na área de arte-educação, tem extensa trajetória: Curso Técnico de Formação de Atores em Teatro Musical do SESI, Programa Vocacional da Prefeitura de São Paulo, Projeto Ademar Guerra e Fábrica de Cultura Capão Redondo – Poiesis, curso livre de teatro da PUC-TUCA, CEFTEM, Oficinas Culturais de São Caetano do Sul, IBFE-SP – Instituto Brasileiro de Formação de Educadores (professor de pós-graduação) e Projeto Jovem em Cena (oficinas gratuitas no interior de São Paulo). É responsável pela Leneus Produtora de Arte que realiza, representa e gerencia projetos artísticos, culturais e formativos.
A Companhia dos Ratos (@ciadosratos) – Fundada em 2017, A Cia. dos Ratos é formada por jovens artistas de teatro da Cidade Tiradentes, bairro localizado ao extremo Leste de São Paulo. Com ênfase no trabalho gestual e no teatro físico, a partir do estudo das técnicas de biomecânica e Método Suzuki, orientados por Fabiano Lodi, o grupo criou os espetáculos A Subida para Baixo (2017) e Mercado Branco (2020). As práticas de criação foram desenvolvidas em constante diálogo com o público jovem, especialmente estudantes e moradores do entorno da Cidade Tiradentes. A partir de uma parceria realizada com o CEU Inácio Monteiro e com o Programa Vocacional, os ensaios e as apresentações foram frequentemente integrados a projetos culturais e educativos, possibilitando uma rica experiência de formação de plateia, intercâmbio entre diferentes áreas do conhecimento, vínculos comunitários e geração de interesse pela arte do teatro. Em 2020, o grupo foi contemplado pela Lei Emergencial Aldir Blanc no Módulo I – Maria Alice Vergueiro e pelo ProAC Expresso LAB, além de realizar o projeto experimental de poemas audiovisuais, publicados nas redes sociais durante os primeiros meses de isolamento social, devido à pandemia de Covid-19. Atualmente, A Companhia dos Ratos é formada por Ana Leones, Felipe Pinheiro, Guilherme Paes, Joyce Tavares e Rick Salima, e desenvolve suas atividades na Associação Prestes Maia Praça 12.
Texto: Verbena Assessoria