Dia de rock, bebê. Mercado da 74, no centro de Goiânia, cheio como sempre, rock e pop anos 70, 80 e quantos anos mais couberem em quase três horas de show. Na plateia, ou melhor, na pista, Ricardo dança eufórico e destoa dos demais, ou pelo menos chama a atenção do local em que meus amigos e eu sentamos – no ponto do Jajá, claro.
Ele dança com uma mochila nas costas, aparentemente pesada e um latão de Skol na mão. Na pista, ele reina. Canta todas as músicas e sapateia de um lado para o outro, girando na pista. Calça preta de tecido, blusa vermelho-escuro de manga longa, boné e tênis no ritmo da banda.
Ricardo trabalha no centro, vai sempre sozinho ao Mercado da 74. Se os amigos deles gostam do programa cultural do mercado, ele diz que não, balançando firmemente a cabeça de um lado para o outro. “Não, eles não gostam disso aqui não”. Você curte o som? “Eu adoro isso aqui”, diz sem desgrudar os olhos da banda.
O dançarino é público fiel do Mercado da 74. Todas as noites rola um som por lá, há alguns anos era só jazz às quartas. Depois, o projeto ficou desativado um tempo e mais recentemente voltou, com programação de terça a sexta – samba popular na terça, meu dia quase sempre escolhido.
Nesse mês, a Secretaria Municipal de Cultura lançou o Sons do Mercado, agora tem música todos os dias, de segunda a segunda. “Eu venho todos os dias, menos segunda, sexta e domingo”. Ricardo adora aquele espaço. E eu também. É no prédio histórico do Mercado Central que o povo vibra a diversidade e a cultura. O Mercado é o futuro: a pluralidade e flexibilidade. Espero que o chorinho da Avenida Goiás também volte um dia: é nesses espaços que Ricardo e eu nos encontramos.
Texto escrito em 2014.
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