No ponto de ônibus o casal esperava a linha para ir embora. Ela com um sorvete da Kibon, sol de 33 graus. Ele de boné, em pé, agoniado. Ambos não viam a hora de ir embora daquele dia de trabalho cansativo, tenso e demorado.
Chegariam em casa, tomariam banho gelado no chuveiro ou na bica. Ela iria preparar arroz com carne e tomates frescos. iriam assistir o jornal nacional, só para saber mesmo um pouco do mundo afora. Mas, no fundo, nada daquilo interessava para eles.
O maior desejo mesmo dos dois era a hora de dormir. Deixariam pele na pele, abraçados, sentindo o cheiro um do outro misturado, sabonete de lavanda e Protex. Ela sempre dormia de perfume, ele tinha a pele quente. Abraçados, a noite começava e o universo poderia se acabar. O único mundo que realmente importava era o deles. Quando os olhos negros dele mergulhavam nos olhos cor de mel dela não tinha infinito ou perdição mais profunda.
Texto escrito em 29/12/2017.